A guerra civil angolana moldou profundamente a nossa história contemporânea. Terminou há 22 anos, precisamente no dia 4 de Abril de 2002, com a assinatura do Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka para a Cessação das Hostilidades e Resolução das Demais Questões Militares Pendentes do Protocolo de Lusaka, mais conhecido pela designação breve de “Memorando de Entendimento do Luena”.
O memorando do Luena é um apêndice dos Acordos de Bicesse de 31 de Maio de 1991 e do Protocolo de Lusaka de 20 de Novembro de 1994. Este memorando encerrou o longo conflito que se estendeu de 1975 a 2002.
Um longo período, marcado por enormes desafios que enfrentámos, percorremos e testemunhámos, que ilustram a complexidade do processo político e étnico-cultural angolano.
Por consequência, o fim da guerra civil marcou a abertura de uma nova página na história de Angola, cheia de oportunidades e de novas perspectivas para a construção de uma nova sociedade pós-conflito.
As armas silenciaram-se, de facto, há mais de duas décadas; no entanto, a transformação da paz militar em paz social manifesta-se como um dos maiores desafios para a promoção da estabilidade política e social do nosso País.
Esse processo prova que a transição do cessar das hostilidades para uma paz social efectiva no nosso País, ainda exige esforços significativos.
Devemos aprender a extrair lições da nossa própria história para que o passado de guerra nunca mais se repita.
Ninguém pode alterar o passado. O que passou, passou; mas com as lições aprendidas do passado, podemos mobilizar vontades e capacidades para edificar um futuro mais promissor para os povos de Angola, para prevenir o ressurgimento de novos conflitos e criar as bases para a construção da Paz social e aprofundamento da democracia.
*Político e embaixador de carreira