A leveza de (não) ser governante em Angola – Jorge Eurico
A leveza de (não) ser governante em Angola – Jorge Eurico
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O Titular do Poder Executivo (TPE) tem “mau dedo” para a escolha dos seus colaboradores. Precisa de apurar o seu senso de escolha. As suas opções recaem, na sua generalidade, sobre pessoas sem prestígio e, na sua maioria, sem pergaminhos para cumprir cabal e satisfatoriamente as responsabilidades que lhe são confiadas no Executivo. Os escolhidos por João Lourenço são de confiança política, mas mutilados de competência. Alguns, mas quase todos.

Os “eleitos” do Presidente da República são pessoas sem notoriedade, sem autoridade moral e muito menos “traquejo social”. Por isso ser governante, hoje, em Angola, é algo tão trivial que as nomeações e exonerações já não capitalizam as atenções dos cidadãos como no passado.

Sabe-se, à partida, que é sempre o mais do mesmo. É a dança das cadeiras. Vira o disco, toca de novo. Tira de um lugar, põe no outro para fazer nada ou a mesma borrasca feita no posto anterior. É esta a lógica do Sistema. É por esta razão que, às vezes, se fica com a impressão de que João Lourenço está a tentar levar o País às costas simplesmente sozinho.

A leveza de ser governante em Angola é a prova de que o Executivo olha para o povo como uma “manada” que serve de cobaia perfeita para a inaptidão de alegados quadros que o TPE escolhe para seus auxiliares. Não está certo, pois governar é coisa muito séria.

A política do “job for the boys” tem de acabar. É preciso colocar um ponto final à nomeação de pessoas que nunca trabalharam na vida, que sequer têm CV para ocupar cargos no aparelho do Governo ou do Estado para acomodar “camaradas” e, destarte, agradar o(s) partido(s).

A efêmera passagem da celebrada andebolista nacional Palmira Barbosa pelo Ministério da Juventude e Desportos foi uma vergonha. Demonstrou que o TPE desconhece os quadros nacionais à disposição no País ou que se limita apenas a olhar para os (supostos) quadros do seu partido e não para além dos muros da sede do mesmo. Palmira Barbosa, como ministra, só punha água. Por todos os cantos. Palmira Barbosa foi um desastre como auxiliar do TPE.

O tribuno António Paulo viu-se na contingência – aqui há uns tempos – de salvar a “honra do convento” quando a então ministra foi chamada ao Parlamento para explicar-se sobre um dossiê sob a alçada do pelouro que dirigia.

O antigo jornalista deu uma “ajuda-camarada” com o intuito de salvá-la do desconforto por que passava e a desonra que estava a submeter o Executivo de João Lourenço. Mas a culpa não é de Palmira Barbosa ou de outros servidores que, como a então ministra, para além da empáfia nada mais têm.

O TPE é que tem de saber, de uma vez por todas, que um bom músico não dá, necessariamente, num óptimo ministro da Cultura. Uma boa estudante de paisagismo não dá necessariamente numa excelente ministra do Ambiente, tal como uma campeã Internacional não torna a pessoa numa boa ministra da Juventude e dos Desportos. Mais: a intrepidez de um activista político não significa que vá dar num bom dirigente político ou governante. Que se saiba disso!

Governar implica “mexer” com a vida das pessoas. Tem de se encarar a governação como um exercício sério e de extrema responsabilidade. O exercício de governar não pode continuar a ser visto como um “polígono de tiro” onde se vai aprender a arte da Gestão Pública, quando nunca se teve experiência laboral. E muito menos quando se está técnica e academicamente impreparado. Portanto, ser militante de partido(s) não significa ter pergaminhos para se ser governante.

Haja mais responsabilidade, juízo e (mais importante) patriotismo, meus senhores!

*Jornalista

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