Bié: Falta de instituições de ensino superior afugenta munícipes do Andulo
Bié: Falta de instituições de ensino superior afugenta munícipes do Andulo
andulo

Cerca de 22 anos depois do fim da guerra civil que destruiu quase por completo o país, o Governo angolano continua a mostrar-se incapaz de investir na educação. A triste realidade é notada sobretudo no interior do país onde, além das poucas infra-estrutura para o ensino de base, não existem instituições de ensino superior.

Na província do Bié, em particular, o Imparcial Press constatou esta triste realidade nos municípios do Andulo, Nharêa, Cunhinga, Cuemba, Camacupa, Catabola, Chitembo e Chinguar.

Razão pela qual, os estudantes finalistas do segundo Ciclo do Ensino Secundário de outros municípios do Bié são obrigados a abandonar as suas origens, para darem continuidade aos estudos, provocando à fuga de quadros, apesar de hoje serem visíveis alguns sinais de crescimento.

Mas nesta peça, o Imparcial Press trás a tona o caso concreto do município do Andulo, onde esteve recentemente a nossa equipa de reportagem.

A localização geográfica e estratégica fez do município do Andulo uma zona de disputa durante a guerra civil entre o Governo/MPLA e a UNITA. Na altura, quase tudo foi destruído e restou apenas as marcas de um território que ascendeu à categoria de cidade a 13 de Julho de 1971.

Durante as celebrações do 4 de Abril, Dia da Paz e Reconciliação Nacional, a população do Andulo voltou a solicitar, pelo menos, a implementação de turmas do ensino superior, por formas a travar a fuga de quadros da localidade para outros pontos do país.

No entender de Benito Sachicumbo, aluno da 12ª classe, é incerto o seu destino logo que terminar a formação média. O jovem disse não ter condições para dar continuidade à formação em outro lugar.

Estudante do magistério primário do Andulo, disse que prefere ingressar primeiro numa faculdade, no curso de pedagogia, para aumentar o nível de conhecimento e só depois pensa em concorrer para função pública.

Porém, sente-se já ameaçado por falta mesmo de uma instituição de ensino superior no município, que cresce a cada dia.

Por isso, apelou à conjugação de esforços entre o governo local e os empresários do sector no sentido de velarem pela carência, que por conta disso já perdeu vários amigos, que resolveram abandonar a localidade em busca da formação superior.

Outra jovem, Maria Henrique Canganjo, que está a terminar a 13ª classe no Instituto Técnico Agrário (ITA), destacou a necessidade do governo olhar por esta problemática, que está a motivar as pessoas a sair do município, uma vez que depois de formados ou mesmo no decurso da formação encontraram outras oportunidades em outros pontos.

Já Befilia Ngueve Amos, aluna da 13ª classe na comuna de Chivaúlo, também teme pelo seu futuro, pois pretende seguir o curso de direito e já pensa em se mudar para a cidade do Cuito em busca deste sonho.

Por sua vez, o enfermeiro João Pedro disse que até agora vê-se impedido de continuar os estudos em enfermagem, tudo porque não pensa abandonar o trabalho.

Por este facto, vê o seu sonho frustrado, pois, se deixar de trabalhar não terá como sustentar a família nem mesmo assegurar os estudos no Cuito ou em outra localidade.

Instituições de ensino médio

Segundo os dados em posse do Imparcial Press, no Andulo existem apenas quatro instituições de ensino médio, nomeadamente o Liceu 4 de Fevereiro, Magistério Primário, Instituto Técnico Agrário (ITA) e o Instituto Técnico de Saúde (ITS).

O director municipal da educação no Andulo, Guilherme Luís Tango, revelou que estas escolas colocam anualmente no mercado mais de 400 finalistas, em que na sua maioria deixam o município para dar continuidade à formação.

Neste momento, Guilherme Luís Tango disse que tem o registo de mais de cem professores que todos os dias fazem o sacrifício e se deslocam até à capital da província, em busca da formação superior.

Apenas promessas

A administradora municipal do Andulo, Celeste Elavoco David Adolfo, disse que é interesse do governo da província criar uma extensão com as duas escolas superiores públicas.

De acordo com a mesma, estão a ser criadas as condições para o efeito, entretanto, convidou a classe empresarial do ramo a juntar-se aos esforços do governo e adiantarem-se neste processo.

Bié tem apenas quatro instituições do ensino superior

A província do Bié, com perto de dois milhões de habitantes, dispõe de quatro instituições do ensino superior, sendo uma pública e três privadas, que juntas absorvem cerca de dez mil estudantes, para uma oferta formativa de 48 cursos de licenciatura em diversas especialidades.

As referidas instituições são: Escola Superior Pedagógica do Bié (ESPB), a Universidade Internacional do Cuanza (UNIC), o Instituto Superior Politécnico do Cuito (ISPC) e o Instituto Superior Politécnico Ndunduma (ISPN).

Recentemente, o governador do Bié, Pereira Alfredo, realçou que o Executivo vai continuar a envidar esforços para a extensão do ensino superior em outros municípios, com vista a dar mais oportunidade de formação à juventude.

Na altura, referiu que o governo do Bié está apostado em garantir uma formação de qualidade aos estudantes, de forma a contribuírem, com o seu saber, no desenvolvimento da província, em particular, e do país, no geral.

Na semana passada, o secretário de Estado para o Ensino Superior, Eugénio da Silva, apontou o aumento das unidades orgânicas públicas e privadas, de cursos de graduação e pós-graduação e a formação de quadros qualificados no país.

De acordo com o secretário, o sector do ensino superior em Angola possui 106 instituições, incluindo 31 públicas, e agrega cerca de 400 mil estudantes em mais de 1300 cursos de graduação e cerca de 150 cursos de pós-graduação.

O responsável referiu que, actualmente, os programas formativos são mais adequados às exigências do país, em todos os níveis. Deste modo, acrescentou, existem condições propícias para que os gestores possam aperfeiçoar os ganhos alcançados nos mais variados domínios.

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