Cimento cola chinês ‘Anbon’ pode estar adulterado
Cimento cola chinês ‘Anbon’ pode estar adulterado
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Uma fábrica de material de construção supostamente falso foi recentemente desativada pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) na Zona Económica Especial (ZEE), em Viana. Os responsáveis desta trama são cidadãos chineses da ANBON (AB) apanhados em flagrante, depois de terem sido denunciados por um morador do município satélite.

No local, os efectivos do SIC encontram um vasto armazém com equipamentos rudimentares de ensacamento do material (cimento cola), geradores, alguns chineses e se ‘Betume de fora’, “apenas adicione água”, sendo que o material “é impermeável e resistente a rachaduras”, além de outras especificações.

Entretanto, um engenheiro civil que a exemplo do chinês omitiu o seu nome insistiu na necessidade de ser feita uma boa checagem às unidades de fabrico de material de construção detidas por chineses.

No caso particular desse ‘Betume de fora’, disse, seria necessária uma análise laboratorial mais profunda, já que “no mercado circula muito material de construção de má qualidade”.

Mesmo no que respeita ao varão, indicou, existem três tipos a venda no mercado: o de péssima qualidade (que custa o atado entre 35 mil kwanzas a 40 mil kwanzas), de média qualidade (50 mil kwanzas) e o melhor que geralmente custa mais caro que pode atingir 80 mil kwanzas o atado.

“Nisso até por vezes os vendedores (chineses) avisam: “amigo quer o bom material, ou o remediado?”, então, “conforme o ‘bolso’, o cliente leva o que poder, com todo o perigo daí decorrente”.

“Veja que no alumínio há pelo menos oito versões. E para testar que se trata de material falso é muito simples, ou seja, o falso até sofre corrosão. E a sua durabilidade é deveras questionável, mas dificilmente se distingue do melhor, porque ambos têm o mesmo brilho”.

Por causa disso, o especialista sugere a entrada em cena do Laboratório de Engenharia de Angola (LEA) que “está aí para ajudar a termos uma infraestrutura de qualidade de duradoura”. “O LEA não deve ficar naquele labirinto, como se estivesse parado no tempo. Há equipamentos, ou melhor, tem laboratórios capazes de testar a qualidade do material de construção comercializado nas nossas praças e mercados oficiais.

Portanto, pode ajudar a despistar o mal. Isso serve também para testar a qualidade do asfalto com que são reparadas ou construídas as nossas estradas”, defendeu ainda o mesmo especialista.

Adelino Pedro (tio Jaime) que actua na construção civil, também confirma a existência no país de muito material contrafeito. “Mesmo no domínio das lâmpadas eléctricas temos as de primeira de segunda e de terceira categoria”, exemplificou, admitindo que “as mais fracas não duram quase nada e estamos sempre a comprá-las nas cantinas dos ‘mamadous’, no mercado informal e nas lojas oficiais”.

“Todo o cuidado é pouco. É por isso que por vezes é melhor recorrer aos serviços de um bom observador para aferir da qualidade do que vamos comprar”, salientou, insistindo que “a fiscalização deve ser cada vez mais actuante se quisermos ter produtos ‘Made in Angola’ de boa qualidade que concorram com os produtos que chegam de outras latitudes”.

Lucro fácil

Na tentativa do lucro fácil cidadãos há que já chegaram a misturar nos sacos de cimento areia e com isso facturar à grande e à francesa, como soe dizer-se. Isso mesmo aconteceu em tempos no Distrito Urbano do Ramiros, em Luanda. Aqui um jovem de 32 anos recolhia do chão sobras de cimento nas lojas de venda desse produto, que procurava ensacar em sacos descartados que de seguida procurava fechar como se viessem de fábrica.

Os sacos deste cimento misturado com areia eram depois inseridos no lote de cimento original e acabavam por ser vendidos normalmente. Mas a saga desse falsário não foi longe e acabou por ser apanhado por um cliente atento que ao abrir um dos sacos que adquiriu para a construção da sua casa observou que o cimento estava misturado com areia. Rapidamente alertou os vizinhos que, entretanto, acabaram por resolver o problema no local. Ou seja, o falsificador restituiu o dinheiro ao cliente e com isso evitou a polícia.

Outra cena lamentável aconteceu em tempos no Cuando Cubango, onde o SIC deteve um falso comerciante de materiais de construção. Identificado por Costa Buila, o homem que se fazia passar por empresário, foi apanhado na posse de 236 sacos de cimento e outros materiais de construção civil burlados a partir de diferentes postos de venda sedeados na cidade de Menongue.

A ‘artimanha’ do falso empresário consistia em enganar os proprietários de lojas de comercialização de cimento, varões e tubos, nas quais carregava a crédito grandes quantidades de materiais de construção que depois colocava à venda na sua zona de residência.

Alarmados pela longa ausência do jovem de 23 anos, os proprietários denunciaram o caso ao SIC, que com base nas informações dos lesados conseguiu chegar até à residência do burlador, onde, além dos 236 sacos de cimento, foram ainda encontrados 900 mil kwanzas e uma grande quantidade de varões e tubos de aço. Quando foi instado, Costa Buila reconheceu o crime, alegando que sem emprego esta foi a “alternativa” encontrada para garantir a sua sobrevivência e a da família.

Acrescentou que vendia os materiais de construção burlados a um preço ligeiramente mais baixo ao fixado nas lojas para facilitar o seu rápido escoamento. Por exemplo, o saco de cimento ‘despachava-o’ a 1.200 kwanzas, contra os cinco mil kwanzas actuais e a caixa de mosaicos de seis peças a vendia a mil kwanzas.

Contudo, se o falsário do Ramiros (Luanda) conseguiu restituir o dinheiro aos clientes burlados, no caso de Costa Buila (Cuando Cubango) é o inverso. O jovem já não tem condições para devolver dinheiro a tão grande número de pessoas enganadas.

in Pungo a Ndongo

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