Educação contra a corrupção – Filipe Cahungo
Educação contra a corrupção – Filipe Cahungo
Filipe

No passado ano de 2017 começamos com a campanha “combate a corrupção”, de facto uns foram afectados através do que passou a ser designado arrestos/privatizações.

Uns tombaram mas outros resistiram, até porque a corrupção tem a ver com carácter, não se confina simplesmente nos aspectos normativos jurídicos. Por isso, ficou demostrado que é um processo moribundo à medida que não teve pernas para avançar.

Do ponto de vista ético-moral, a corrupção não se combate porque tem a ver com o carácter humano, logo deve ser combatida através da educação e pela educação. Por isso, no entanto, deveria se pensar em educar os cidadãos às boas práticas.

A corrupção não se confina às instituições jurídicas, como há poucos anos acompanhámos, pelo facto de existir vida antes e depois dos tribunais.

Se quisermos ser mais claro, podemos afirmar que a corrupção é como uma ferida feita no nosso carácter e a única forma de curá-la é antes sarar.

Repare que a corrupção está ligada ao comportamento humano que está depressível, é o agir que entra em situação degradante. Assim sendo, esse agir só se sara através da educação.

O que nos deixa de boca aberta é como esse processo não se alargou até à esfera social, pareceu mais como um fenómeno extra-murros, não teve um impacto no quotidiano ou nos nossos guetos, como uns diriam.

A corrupção antes de se alargar à esfera pública, ela está na esfera privada, ela está presente nas nossas casas, nas nossas escolas e na nossa quotidianidade.

O combate à corrupção deveria ser sinónimo de um investimento educacional, para produzir efeitos desejáveis. Por isso, é um contrassenso querer mandar para fora a corrupção do modus operandi dos cidadãos se a educação não entrar pelas portas das nossas escolas.

A corrupção é, sobretudo, uma questão de procedimento. Nos últimos tempos, a nossa maior preocupação passou a ser a formação de cidadãos competentes e capazes de responder de forma cabal aos desafios dos nossos dias, mas isso só é saudável quando ela tiver uma base ética.

Por essa razão, não somos apologista da afirmação segundo a qual a corrupção deve ser combatida, pois é também um problema metafísico ligado à ontologia humana. Ou seja, é um problema antropológico, como diriam os outros filósofos.

O projecto de educarmos os cidadãos contra a corrupção é tão grave que não poderíamos permitir que estivesse confinado somente aos tribunais, por razões que todos nós conhecemos e experimentamos.

A importância de dispositivos de controlos à corrupção são importantes, mas eles não transcendem a educação, é por ela que conseguimos domesticar a animalidade que habita em nós.

A educação sempre será o meio pelo qual as sociedades se emanciparão e, no nosso caso, não fugimos a regra. Ora é nosso interesse que a educação contra a corrupção se torne uma bandeira, pois o combate contra a corrupção é um atropelo filosófico.

*Professor e filósofo

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