Embaixador chinês diz que a negociação da dívida com Angola foi harmonizada
Embaixador chinês diz que a negociação da dívida com Angola foi harmonizada
Zhang Bin

O embaixador chinês em Angola disse esta sexta-feira, 22, que a negociação da dívida entre Pequim e Luanda tem sido “amistosa”. Zhang Bin, que iniciou funções a 23 de Fevereiro, acrescentou que os países precisam de empréstimos para se desenvolver e que, para resolver as questões da dívida, devem resolver as questões do desenvolvimento.

As declarações foram feitas durante uma conferência de imprensa em Luanda, onde fez um rescaldo da visita do Presidente João Lourenço à China, na semana passada.

“De facto, alguns países africanos têm dificuldade em pagar as suas dívidas e a China presta atenção a esta questão”, sublinhando, salientando que a China ofereceu, em 2020, uma moratória da dívida aos países mais vulneráveis e assinou acordos de reformulação da dívida com vários países.

Durante a visita de João Lourenço foram negociados novos termos para o pagamento dos 17 mil milhões de dólares que Angola deve à China e que fazem do país lusófono o maior devedor africano aos asiáticos.

O ministro de Estado para a Coordenação Económica da Presidência da República, José de Lima Massano, disse no domingo, em Shangdong, que o acordo não envolve uma moratória, mas sim uma “refundação da mecânica de reembolso”, que envolve uma diminuição da reserva de garantia associada às prestações.

Zhan Bing sublinhou hoje que a China não faz “exigências ou pressões” em termos de dívida e que as negociações entre Angola e China neste domínio têm sido “amistosas”, levando à suspensão de pagamentos em 2020 e agora à “harmonização de dívida”, através de um mecanismo que optimiza o serviço de dívida.

“Este ajustamento de harmonização reuniu consensos das duas partes e é uma resolução razoável e satisfatória que dá uma base sólida para futura cooperação China-Angola”, realçou o diplomata.

Questionado sobre os casos judiciais que envolvem a China International Fund (CIF) e antigos dirigentes angolanos de topo, como os Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” e Leopoldino do Nascimento Fragoso “Dino” e o ex-vice-presidente e ex-patrão da Sonangol Manuel Vicente, que terá desviado milhões de dólares da petrolífera estatal angolana através de negócios com a CIF, adiantou que a empresa foi fundada e registada em Hong Kong e os seus investimentos em África nada têm a ver com o Governo chinês. “É uma empresa privada”, reforçou.

Segundo Zhang Bin, China e Angola assinaram depois desta visita uma parceria de cooperação estratégica global, evoluindo para um nível mais elevado das relações entre os dois países.

Da visita resultou a assinatura de 12 novos acordos de cooperação bilateral, entre os quais se destacam os sectores do comércio e investimento nas áreas de agricultura, indústria e recursos minerais.

O embaixador referiu ainda que, em termos acumulados, as empresas chinesas já investiram em Angola cerca de dois mil milhões de dólares e manifestou a intenção de aprofundar os laços interculturais, já que nos últimos anos “têm avançado mais” as relações económicas e comerciais e políticas.

“Cerca de 50 mil chineses trabalham e vivem em Angola, mas não há muito angolanos lá, a minha missão é envidar esforços para melhorar esta situação”, frisou o diplomata.

Parceiros internacionais

Outrossim, o embaixador chinês em Angola afirmou que Angola “tem o direito de escolher os seus parceiros” internacionais e que espera que as grandes potências promovam o desenvolvimento socioeconómico de África e cumpram as suas promessas.

Zhang Bin comentava desta forma a aproximação de Angola aos Estados Unidos de América, sem responder directamente se a cooperação com os norte-americanos perturbou a relação com os chineses.

Os EUA são o principal financiador do chamado Corredor do Lobito, ligação ferroviária que percorre Angola desde a costa atlântica à fronteira com a República Democrática do Congo, de importância estratégica para escoar os minérios provenientes da região do Copperbelt (cintura de cobre).

Na conferência de imprensa, o diplomata chinês declarou-se satisfeito pelo facto de as grandes potências estarem a aumentar os investimentos e a promover o desenvolvimento sócio-económico de África, esperando que cumpram as suas promessas.

“A escolha dos parceiros é um direito de Angola e ninguém pode interferir. Ficamos felizes que outros países aumentem os investimentos”, salientou Zhang Bin, acrescentando que o principio da diplomacia chinesa é de não interferência e não ingerência em assuntos internos.

“O que nos opomos é que interfiram na cooperação de África com outros países e façam difamação sobre a cooperação chinesa, (…) esperamos que os restantes países promovam mais a sua cooperação com África, apesar da concorrência que, esperamos, seja de amizade”, vincou.

Sobre a cooperação chinesa com Angola realçou que “trouxe benefícios verdadeiros para os povos dos dois países” e tem evoluído para um aspecto mais pragmático.

Questionado sobre violações dos direitos dos trabalhadores angolanos em empresa chinesas que têm sido noticiados na imprensa de Angola, o diplomata destacou que o Governo chinês exige aos seus cidadãos e empresas que respeitem os regulamentos e leis locais e apoia que sejam sancionados caso cometam crimes, mas não interfere no processo.

Sobre a alegada falta de qualidade das infraestruturas construídas em Angola diz que passaram 20 anos e que precisam de manutenção, sublinhando a necessidade de formar mais técnicos angolanos.

O diplomata afirmou ainda que a China é um parceiro confiável e que se devem evitar “forças externas” que “usam casos singulares para difamar a relação amistosa entre China e África”.

in Lusa

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