As fábricas que produzem bebidas espirituosas em saquetas foram proibidas, desde ontem, 12 de Março, de utilizar sacos plásticos como embalagem do produto final, por serem prejudiciais a saúde pública.
No Decreto Executivo n.º 13/24, de 12 de Janeiro, a que o Imparcial Press teve acesso, o Governo da República de Angola anunciou a proibição da produção, importação e comercialização de bebidas espirituosas com teor etílico superior a 15% acondicionadas em saquetas plásticas, a medida visa preservar a saúde pública, o ambiente e o ordenamento do território.
Em contrapartida, o porta-voz da Associação das Indústrias de Bebidas de Angola (AIBA), Moisés Campos, diz que o tempo para reconverter as linhas de enchimentos é muito pouco, pois as empresas fizeram investimentos, por exemplo, na compra de novas máquinas de enchimento que apenas serve para encher saquetas e que não poderão ser aproveitadas.
“Portanto, desde o dia 12, todo este investimento que foi feito vai se perder. Quem conhece uma linha de enchimento sabe que para que o trabalho seja mudado e entre em funcionamento leva um tempo”, frisou.
De acordo com o mesmo, o investimento que se fez nem está ainda em fase de retorno e agora quem quiser continuar no nosso mercado terá de fazer novos investimentos”.
Perante este quadro, Moisés Campos fala que algumas empresas podem fechar as portas e com elas levar mais 4 mil trabalhadores ao desemprego. Moisés Campos diz que os industriais de bebidas pedem mais tempo para se ajustarem a medida.
Numa artigo de opinião publicada recentemente por este jornal, o sociólogo Miguel Safo defendeu que medida é legítima, dada a responsabilidade que recai a quem governa de promover e manter o bem-estar das pessoas, a salubridade do meio e a ordem e tranquilidade na sociedade.
Segundo o sociólogo, até a década de 1990 as bebidas de fabrico caseiro tinham amplo fabrico e consumo entre as populações, são os casos do caporroto, também designado por Capuca/ Cachipembe/ Walende/ Cassungueno, actualmente designado água do chefe, o Kimbombo e outras.
“O consumo de bebidas alcoólicas espirituosas foi sempre um problema na sociedade angolana, não é em vão que uma das palavras de ordem do passado era abaixo o alcoolismo”, realçou.
Miguel Sago lembrou ainda que “as consequências negativas a saúde pública eram mais notórias no passado, porquanto a medida do álcool em tais bebidas nunca foi regulado, existindo inclusive a famosa capuca da ponteira ́com teor alcoólico, possivelmente, acima dos 70%”.