Insólito? Não. Na província da Huíla, o administrador municipal de Chipindo, Hélder Quintino da Fonseca Lourenço, inaugurou na quinta-feira, 04 de Abril, um projecto supostamente habitacional composto por 32 moradias T2, construídas com blocos de adobe, sem cozinhas nem casas de banho, que custam menos de 200 mil kwanzas.
O vergonhoso projecto foi financiado pela Sociedade Mineira de Chicuamone, Lda., empresa de exploração de ouro, que foi visitada a 15 de Dezembro de 2021, pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, em companhia do governador Nuno Dala, foi erguido no bairro Cossito, arredores da sede municipal de Chipindo, que, para além da falta de água da rede e energia, não oferece mínimas condições de saneamento básico.
Tecnicamente, as 32 casas construídas com blocos de adobe, tidas como pouco resistentes, não oferecem condições apropriadas para suportar a quantidade da água que drena naturalmente para os diversos riachos, representando desde já um eminente perigo para os beneficiários.
O ImparcialPress apurou que as paredes de algumas moradias – que têm pouco tempo de utilização –, além de estarem tortas, apresentam sinais de rachaduras, devido a infiltração de águas de chuvas que caem naquela circunscrição.
A fonte fidedigna deste jornal suspeita que o administrador municipal de Chipindo terá desviado alguns milhões de kwanzas cedido pela Sociedade Mineira de Chicuamone, Lda.” para a construção do projecto.
“Não acredito que, em pleno século XXI, uma empresa como a Chicuamone que ganha milhões de dólares na exportação de ouro explorado nestas terras, financie a construção de casas de adobe para a população. Aqui há gato. Alguém deve ter desviado o dinheiro real do projecto e construiu estas casebres que custam menos de 200 mil kwanzas”, balbuciou a fonte do ImparcialPress.
Para o nosso interlocutor, uma empresa financeiramente estável com a Sociedade Mineira de Chicuamone, Lda., não pode financiar a construção de casas de adobe para a população. “Isto chega a ser um insulto à dignidade dos moradores, como se estivéssemos ainda no tempo colonial”, rematou.
De realçar que a Sociedade Mineira de Chicuamone (SMC) emprega cerca de 150 trabalhadores, sendo 80% locais e 20% de outras procedências.