Jornalista Graça Campos critica Presidente da República por “exibir” responsáveis dos serviços de inteligências
Jornalista Graça Campos critica Presidente da República por "exibir" responsáveis dos serviços de inteligências
directores de intelencia

O veterano jornalista angolano Graça Campos criticou – na sua página de rede social – a forma leviana como o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, tem “exibido” publicamente os responsáveis máximos dos serviços de inteligências através dos órgãos de comunicação social.

Segundo o jornalista – que actualmente fixou a residência em Portugal – nos últimos tempos, Fernando Garcia Miala (do SINSE), Bertino Matondo (do SIE) e o general João Pereira Massano (do SIM), são exibidos como peças de decoração em todos os actos oficiais do Presidente João Lourenço.

O mesmo exemplifica que na África do Sul, Portugal, Estados Unidos ou França, países sérios, os chefes dos Serviços de Inteligência não são peças decorativas, expostas nos palácios presidenciais sempre que o Presidente da República dá posse a algum ministro ou embaixador.

“Nos Estados Unidos, os directores da CIA e do FBI vão à Casa Branca só quando chamados para dar explicações específicas ao Chefe de Estado, e não desfilam perante todos os congressistas. Ambos vão ao Congresso quando chamados por alguma comissão para esclarecimentos pontuais”, exemplificou.

O ex-director do finado Semanário Angolense entende que deve se aprovar uma lei que proteja as identidades dos responsáveis máximos do SINSE, SIM e SIE.

“Em Angola, a ausência de uma lei que proteja a identidade dos chefes dos serviços de inteligência transformou os directores do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE), Serviço de Inteligência Militar (SIM) e Serviço de Inteligência Externa (SIE) em espécie de modelos, exibidos em todas as cerimónias oficiais que ocorrem no palácio presidencial”, escreveu na sua peça de opinião intitulado “Espiões ou peças de ornamentação?”, publicado ontem no portal Correio Angolense.

“Hoje, qualquer cidadão, incluindo estrangeiros, que acompanhe a própria comunicação social pública identifica, sem a menor dificuldade, os principais espiões do país”, lamentou, realçando que “a exibição desses altos funcionários visa mostrar aos cidadãos que Miala, Matondo e Massano são feitos de carne e osso como qualquer mortal.”

Graça Campos interpreta, por outro lado, que, muito provavelmente, a exibição desses servidores visa infundir “medo e insegurança” à população angolana.

“O caso do general Miala é paradigmático do servidor que quer impor-se não pela utilidade do serviço que presta ao país, mas como cidadão IMPORTANTE, a quem os demais devem temer e venerar”, frisou.

“Em todo o caso, estamos perante caso único no mundo, em que o Estado destapa completamente os servidores que, pela natureza das suas funções, deveriam evitar, a todo o custo, a desnecessária exposição pública”, argumentou.

Sublinhando que “Em Angola, também já vivemos um período de alguma seriedade. Não existem, com certeza, muitos angolanos que guardam memória de terem visto o Professor André de Oliveira Sango nas cerimónias de posse no palácio presidencial. E, no entanto, ele chefiou o Serviço de Inteligência Externa durante muitos anos”.

Na visão desse veterano, “a cultura da banalização das instituições e dos seus líderes, que ganhou renovada tracção no mandato do Presidente João Lourenço, leva a que, por exemplo, o director do SINSE dispute, quase à cotovelada, espaço com membros da guarda do Presidente da República para aparecer em registos fotográficos e televisivos. Foi o que aconteceu numa recente visita do Presidente João Lourenço ao Novo Aeroporto Internacional de Luanda.”

Campos lamentou, igualmente, a viralização da imagem do general Fernando Miala, pelas redes sociais. “ É o que acaba de acontecer na cidade portuguesa de Coimbra, onde o chefe da nossa secreta interna tornou-se na figura mais fotografada no evento particular que foi prestigiar.”

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