Jornalista Jaime Azulay “ajuda” general Miala encontrar ossadas de dirigentes da UNITA
Jornalista Jaime Azulay "ajuda" general Miala encontrar ossadas de dirigentes da UNITA
FM

As informações prestadas pelo porta-voz da Comissão para a Implementação do plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), Israel Nambi, à imprensa, sobre a descoberta de várias ossadas de algumas figuras de proa das Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), então braço armado da UNITA, no Luando, Iocalidade do Tchanji, município do Cuemba, província do Bié, numa vala comum, foram baseadas num texto publicado pelo jornalista Jaime Azulay.

Segundo as pesquisas levada a cabo pelo Imparcial Press, em Agosto de 2021, este antigo administrador não executivo da empresa “Edições Novembro-EP” publicou, via o portal Club-K, um texto de opinião intitulado “A execução de Bock e a purga no Tchanjo”, onde fazia a menção sobre os desaparecimentos físicos dos generais Armando Júlio “Tarzan”, Altino Bango Sapalalo “Bock”, Antero Vieira, António Perestelo Moura, bem como de Ana lsabel Paulino Polipossa “Ana Savimbi”, uma das mulheres do líder fundador da UNITA, Jonas Savimbi.

Nas suas declarações a Televisão Pública de Angola (TPA), na segunda-feira última, Israel Nambi revelou ainda que, além desses cidadãos, também foram encontradas ossadas de uma menina de 11 a 14 anos, cuja identidade é desconhecida.

O registo desse incidente, em que estão envolvidos altos comandantes das extintas FALA, terá ocorrido na sequência da derrota militar que essa força sofreu, a 25 de Abril do ano de 2000, na cidade do Cuito, província do Bié, tal como o jornalista Jaime Azulay faz menção no seu artigo de opinião.

Mas, o porta-voz da CIVICOP preferiu mentir descaradamente, alegando que a iniciativa da Sub-Comissāo de Segurança, Logística e Infra-estrutura da CIVICOP, coordenado pelo general Fernando Miala, foi a pedido de familiares dos perecidos que pretendem realizar funerais dos seus parentes.

O Imparcial Press retoma o referido texto na íntegra para situar os seus magnos leitores:

A execução de Bock e a purga no Tchanjo – Jaime Azulay

O general Altino Sapalalo “Bock” foi estrangulado com cordas e depois executado com pauladas no crânio, na madrugada do dia 25 de Abril de 2000, na base do Tchanjo, juntamente com o general Antero Vieira, o Brigadeiro Perestrelo e a senhora Ana Kulipossa, esposa do Dr. Jonas Savimbi.

Cinco dias antes, no dia 19 de Abril de 2000, nesta mesma base onde estavam de passagem após terem atravessado o rio Kwanza, realizou-se uma reunião secreta entre o Dr Savimbi, o general Kalias Pedro e mais dois oficiais operativos, nomeadamente o brigadeiro Beja e o tenente-coronel Isaac, dos serviços secretos da Divisão Presidencial. O assunto tratado foi o destino a dar aos generais Bock e Antero, ao brigadeiro Perestrelo e a senhora Ana Kulipossa.

Antero Vieira tinha sido o comandante da I Brigada motorizada, chamada de “Nkwame Nkrumah” enquanto Altino Sapalalo “Bock” era CEMG das FALA. Ambos foram responsabilidade por Savimbi pelo fracasso das Forças regulares no Kunje, em cujo combate foi capturado o operacional Coronel Boaventura Canjundo, com vários planos e mapas operacionais das FALA.

Quanto à senhora Ana Kulipossa, esposa do Dr Savimbi, esta terá sugerido ao marido que não desse a ordem de voltarem para a guerrilha nas matas e aceitasse negociar um acordo de cessar-fogo com o presidente José Eduardo dos Santos e a retoma do Procolo de Lusaka.

O Dr Jonas Savimbi não assistiu as execuções no Tchanjo. Ele parte dali no dia 19 de Abril de 2000, logo após a reunião secreta com o grupo operativo de Kalias, Beja e Isaac que ficaram com a missão de eliminaram os generais e a Sra Ana.

O vice-presidente da UNITA Antônio Dembo que também estava no Tchanjo abandona a base com a sua coluna no dia 23 de Abril se 2000, quatro dias após a saída do Dr. Savimbi e dois dias antes das execuções.

Dembo e o seu grupo atravessam a linha do Caminho de Ferro de Benguela entre o Munhango e Cangonga e só volta a encontrar o Dr Savimbi um ano mais tarde, nas áreas do Rio Cunguena, um afluente do Lungue-Bungo, por ocasião da 16° Conferência da UNITA, que se realiza em Abril de 2001 com a duração de cinco dias.

Após a saída das colunas do presidente e do vice-presidente e das execuções, a guarnição da Base do Tchanjo ficou a cargo de forças comandadas pelo general Abreu Muengo ” Kamorteiro” que fica a “aguentar a posição ” até que parte finalmente no dia 1 de Maio, rumo à Leste com os seus soldados e alguma população.

No decurso do ano de 2000 na coluna do Dr. Savimbi estavam 400 pessoas mas apenas 200 se encontravam directamente com ele. Uma dessas pessoas era uma jovem amestiçada de nome Sandra que ocupou o lugar de Ana Kulipossa como primeira dama. Sandra era sobrinha de Ana.

O último filho de Savimbi foi gerado no ventre da jovem Sandra, que deu à luz um menino entre os dias 20 e 26 de Setembro de 2001. Ao filho, o próprio Jonas Savimbi deu o nome de Muangai com uma proclamação solene de viva voz de que o récem-nascido simbolizaria toda a sua luta.

Todas as atenções estavam então viradas para o pequeno Muangai, nascido pelas mãos da Dra Honorina coadjuvada pelo seu marido, o Dr. Leon.

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