Médica revela que 4 em cada 10 gestantes são vítimas de violência nos hospitais
Médica revela que 4 em cada 10 gestantes são vítimas de violência nos hospitais
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A médica especialista em ginecologia Eurídice Chongolola revelou ontem, quarta-feira, em Luanda, que quatro em cada dez mulheres gestantes sofrem algum tipo de violência obstétrica durante a permanência nas unidades hospitalares do país.

A médica teceu estas considerações durante o “1º workshop sobre violência obstétrica“, a decorrer na maternidade Lucrécia Paim com o lema “Promover um parto seguro e humanizado“.

Eurídice Chongolola avançou que estudos apontam que cerca de 46 por cento das mulheres em Angola são alvos de algum tipo de violência obstétrica.

A médica disse que entre os actos que configuram violência consta a recusa de atendimento, procedimentos médicos desnecessários e agressões verbais.

Foram ainda apontadas como actos violentos durante ou pós parto a restrição da presença de acompanhante, procedimentos médicos não consentidos, violação de privacidade, recusa em administrar analgésicos, violência física, submeter as mulheres ao jejum prolongado ou a nudez, omissão de informação, desconsideração dos padrões e valores culturais.

Para si, ainda existe muita falta de conhecimento e humanização por parte dos profissionais de saúde e muitos deles desconhecem o que é violência obstétrica.

Acrescentou igualmente que esses profissionais são responsáveis por causar a violência obstétrica, por não informar as gestantes sobre seus direitos e por não praticarem a humanização dentro do centro obstétrico.

Por sua vez, o médico Pedro de Almeida salientou que as consequências que decorrem desse tipo de violência são inúmeras, podendo ser físicas ou psicológicas, e afectam a qualidade de vida não apenas da puérpera, mas também da sua família.

Pedro de Almeida que apresentava o tema “Contextualização da violência obstétrica, definição, histórico e sua relação com os direitos humanos“, frisou que Angola está entre os países da Comunidade dos países de Língua Portuguesa (CPLP) com grande prevalência de violência obstétrica.

Disse que apesar dos estudos apresentarem um percentual de 46 por cento, os resultados espelham a irrealidade, pelo facto de serem feitas em municípios que não refletem a extensão do território nacional.

“Angola ainda está bastante atrasada neste quesito, as pessoas têm muitos receios em abordar e denunciar aspectos ligados a esta prática“, lamentou.

Disse haver muito trabalho a ser feito para atingir o nível de humanização que possa agradar a todos, aconselhando a mulher que tenha sido alvo de algum tipo de violência a contactar as estruturas apropriadas de saúde: direcção da maternidade para se apurar a gravidade e para que estes casos não se repitam.

Considerou que a falta de preparo dos profissionais de saúde em atender de forma humanizada as gestantes tem sido um dos factores para o registo de casos de violência obstétrica.

Definiu violência obstétrica como o desrespeito à mulher, à sua autonomia, ao seu corpo e aos seus processos reprodutivos, podendo manifestar-se por meio de violência verbal, física ou sexual e pela adopção de intervenções e procedimentos desnecessários sem evidências.

Por sua vez, a médica Manuela Sotto Mayor que apresentava o tema “Humilhação e desrespeito nas gestantes“, a humanização do parto é um direito da mãe e do bebê, para além de uma escolha.

“O momento deve ser pleno de respeito, cuidado e acolhimento para os dois e para garantir um tratamento humanizado é necessário autonomia e liberdade de escolha à mulher, promovendo um ambiente acolhedor com melhores condições e recursos disponíveis para que se sinta segura”, frisou.

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