“Nós queremos fazer detenções relacionadas com drogas pesadas” – Comandante da PN de Belas
"Nós queremos fazer detenções relacionadas com drogas pesadas" - Comandante da PN de Belas
comandante Vilma

A comandante municipal da Polícia Nacional de Belas, superintendente-chefe Vitória Lauro Oliveira Augusto “Vilma”, acentuou que, para realizar, cabalmente, o seu trabalho, a corporação precisa que a população contribua com informações de interesse policial. “É através de informações de interesse policial que são tomadas medidas para, então, a Polícia contrapor-se a uma eventual situação”, esclareceu.

A comandante Vilma, como é carinhosamente tratada no seio da corporação, que é, também, a delegada do Ministério do Interior no município de Belas, garantiu que, quanto à ocorrência de crimes de furto de acessórios de viaturas, a cidade do Kilamba, sede do Distrito Urbano do Kilamba, “está agora calma e controlada”, estando a Polícia a registar mais casos de roubo e furto no interior de residências, crimes cometidos principalmente por menores.

Como caracteriza a actual situação operativa do Distrito Urbano do Kilamba, principalmente, a da sua sede distrital, que é a cidade do Kilamba?
Actualmente, a situação operativa do Distrito Urbano do Kilamba, sobretudo, da cidade do Kilamba, é calma. Outrora, registávamos e era constante o roubo de acessórios de viaturas, principalmente, placas, e, também, roubos e furtos no interior de residências. Neste momento, temos a situação controlada. Ou seja, já não registamos furtos de acessórios de viaturas. Desde Fevereiro, apresentámos os meliantes que furtavam acessórios de viaturas e recuperámos cerca de 700 placas de viaturas. Actualmente, a cidade do Kilamba está calma, quanto à ocorrência dessa natureza de crimes. São, sim, um calcanhar de Aquiles os roubos e furtos no interior de residências. São praticados, na maioria dos casos, por menores. São, portanto, inimputáveis aqueles que têm idades inferiores a 16 anos. São menores em conflito com a lei e, alguns, com várias passagens pelas nossas esquadras. Mas não podemos privá-los de liberdade, por serem menores. Sabemos que os mesmos praticam crimes e deixam muitos munícipes numa situação de desconforto, inseguros, embora não pratiquem crimes com armas de fogo. Mas o que fazem é preocupante. Daí que nós não podemos baixar a guarda, quanto a esse fenómeno. Estamos, todos os dias, a fazer recolha desses menores, para prevenirmos a ocorrência de crimes. No período da tarde, são recolhidos para, no dia seguinte, serem catalogados e postos em liberdade. Isso é mesmo para prevenir. Estamos a trabalhar nessa vertente para prevenirmos os crimes que cometem, que são roubos e furtos no interior de residências.

“Homens-aranha”, como são conhecidos os marginais que trepam edifícios, continuam a praticar acções na cidade do Kilamba?
Felizmente, já não, até onde sabemos. Já está detido, no Estabelecimento Prisional de Viana, o líder dos supostos “homens-aranha”. Está detido com os comparsas. Podemos dizer que a situação da cidade do Kilamba está calma e controlada. Nós, agora, redobramos, também, a nossa atenção ao KK5000 [segunda fase da cidade do Kilamba] e estamos a apelar aos moradores para prestarem mais atenção aos filhos, porque temos estado a registar, no KK5000, crimes de arruaça. Sabemos que adolescentes e jovens da primeira fase da cidade do Kilamba fazem, em grupos, rixas com os da segunda fase. As rixas acontecem por controlo territorial e ocorrem se, por exemplo, um grupo da primeira fase entrar para a segunda fase, que é o KK5000, e vice-versa. Por esta razão, a atenção da Polícia está também voltada para o KK5000, porque sabemos que os crimes de arruaça nem sempre terminam bem. Nalguns casos, terminam em homicídio ou em ofensas à integridade física. No âmbito do policiamento de proximidade, vamos ao encontro dos pais, para incutir-lhes na mente que devem estar mais atentos aos filhos.

Qual é o padrão da criminalidade no Distrito Urbano do Kilamba, sobretudo, na cidade do Kilamba?
Dentro da cidade do Kilamba, temos registado o crime de arruaça, praticado por alunos, que se ameaçam, porque “uns não podem ir à escola de outros”. São alunos que formam grupos que, de forma combinada, cometem arruaça. A Polícia trabalha, em parceria com a Associação de Encarregados de Educação, na identificação desses alunos, a fim de serem catalogados, para a imputação de responsabilidades aos pais e encarregados de educação. Diariamente, antes de os filhos irem para a escola, os encarregados de educação têm de dar conselhos que contribuam para a educação dos educandos. Na cidade do Kilamba, nunca registámos crimes de homicídio, por tentativa de roubo, e esperamos que nunca se registe. Mas, nos bairros periféricos, já registámos homicídios, na sequência de arruaça. Por exemplo, no bairro Bita Progresso, já registámos um crime de arruaça que resultou em morte e, no bairro Cinco Fios, ofensas à integridade física de um cidadão.

Quais são as principais dificuldades encontradas no terreno pela Polícia, no âmbito da missão de manter a ordem e a tranquilidade públicas em todo o Distrito Urbano do Kilamba, em particular na cidade do Kilamba?
Podemos ter mil e um polícias dentro da cidade do Kilamba e, mesmo assim, não conseguirmos alcançar resultados se os moradores não nos brindarem com informações de interesse policial. Nós colocamos as forças [no terreno] com base nos problemas identificados. E, para a identificação dos problemas, é importante que os munícipes nos brindem com informações.

Os meios técnicos e humanos de que a Polícia dispõe, no Distrito Urbano do Kilamba, estão à altura de assegurar, cabalmente, a cobertura policial de todo o território?
Os nossos meios técnicos e humanos estão, sim, à altura de assegurar a cobertura total em todo o território. Nós temos viaturas, patrulhas apeadas e motorizadas. Temos 20 motorizadas e seis viaturas. Pensamos que é suficiente, uma vez que sectorizamos o Kilamba em 10 sectores. Cada viatura é direccionada para um sector.

As câmaras de vídeo-vigilância instaladas nas principais vias da cidade do Kilamba têm tido a serventia de que se pode esperar no combate à criminalidade?
Ter câmaras de vídeo-vigilância na cidade do Kilamba é uma mais-valia. Nós, por via dessas câmaras, podemos ter vários resultados. Estamos, neste momento, a trabalhar com o Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), que está a fazer a manutenção das câmaras, para, então, conseguirmos ser mais pró-activos nas nossas actuações. Com as câmaras, a Polícia já conseguiu esclarecer alguns crimes. A título de exemplo, a semana passada, dois funcionários de uma empresa de segurança tentaram furtar material de construção e o CISP, por via de câmaras, localizou-os e, por via rádio, comunicou-nos e uma patrulha nossa foi até ao local, tendo conseguido deter, em flagrante, os dois seguranças.

Têm surgido, nas redes sociais, imagens de pessoas assaltadas, em plena luz do dia e à noite, em parques de estacionamento de viaturas e à entrada de edifícios, portanto, áreas que não são cobertas pelas câmaras de vídeo-vigilância monitorizadas pelo Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) na cidade do Kilamba. Que soluções têm sido encontradas, para que haja, efectivamente, segurança policial naquelas áreas, como parques de estacionamento, sem câmaras de vídeo-vigilância?
Começo por responder a esta pergunta mencionando dois quarteirões, o G e o J, que, recentemente, foram motivos de conversa, por terem circulado, nas redes sociais, vídeos que davam conta de dois assaltos, um em cada quarteirão. Os dois quarteirões estão no perímetro de matagais. Ou seja, são quarteirões com escapatórias para os matagais. A Polícia tem feito intensivamente, junto a esses quarteirões, patrulhas motorizadas e apeadas, para contrapor qualquer tipo de situação que possa surgir. Ainda assim, apelamos aos moradores de prédios que têm câmaras para monitorizarem os equipamentos e serem, também, pró-activos, apresentando denúncias. Antes de colocarem vídeos nas redes sociais, liguem, primeiro, para a Polícia, para que haja uma rápida actuação policial, com vista à detenção de quem estiver a praticar um crime. Muitas vezes, deparamo-nos, nas redes sociais, com vídeos colocados, por exemplo, duas horas depois de uma ocorrência. É um erro que não deve continuar a acontecer. A monitorização das câmaras de edifícios é importante para aquilo que defendemos, que é a articulação entre os munícipes e a Polícia, para que consigamos capturar os malfeitores que tentam alterar a ordem e a tranquilidade públicas na cidade do Kilamba. Não é meia dúzia de malfeitores que vai tirar a paz aos nossos munícipes. Estamos aqui para repor a ordem e a tranquilidade públicas sempre que houver uma tentativa de alteração.

Em função da informação que a senhora comandante tem sobre o número oficial de habitantes do Distrito Urbano do Kilamba, queremos que nos diga qual é, actualmente, o rácio polícia-cidadão?
Na cidade do Kilamba, o actual rácio polícia-cidadão é de 500 pessoas para um polícia. É suficiente, porque podemos trabalhar com base em informações que recebemos. É com base em informações que temos conseguido contrapor as situações de que tomamos conhecimento. Não adianta metermos “n” polícias na via pública e sairmos de lá sem nenhum resultado. É importante, como já disse, que os munícipes nos brindem com informações de interesse policial. É através de informações de interesse policial que são tomadas medidas para, então, contrapormos uma eventual situação.

É humanamente possível a fixação, sobretudo à noite, de agentes da Ordem Pública nos parques de estacionamento da cidade do Kilamba, num sistema de revezamento?
Os agentes da Polícia trabalham seis horas, o que é a norma. Entram na via pública às 08h00 e saem às 14h00. Depois, às 14h00, entra um outro turno que saí às 20h00, e assim sucessivamente. Estamos a trabalhar no sentido de expandirmos o policiamento de proximidade, para, então, o munícipe conhecer os polícias da cidade do Kilamba e, assim, ser oportuno nas denúncias.

Em qualquer ponto com semáforos na cidade do Kilamba têm ficado meninos e meninas mendigos. A mendicidade pode ser aproveitada por adultos sem escrúpulos, para atraírem meninos e meninas para a prostituição infantil. A Polícia tem estado preocupada com a mendicidade na cidade do Kilamba?
Temos estado, sim, preocupados. Tanto é assim que estamos a dar tratamento ao problema, com a parceria do Instituto Nacional da Criança (INAC) e a área de Acção Social das administrações municipais de Belas e do Distrito Urbano do Kilamba, começando pela catalogação dos meninos de rua e na rua. Actualmente, a mendicidade está a diminuir, porque temos conseguido localizar os progenitores dos meninos. Muitos dos progenitores ficavam nas esquinas a controlar os filhos. Chegámos a fazer, com o INAC e a Acção Social, uma recolha de meninos para um centro de acolhimento, em Viana. Os progenitores seguiram para lá e tentamos imputar responsabilidades. Outrora, víamos crianças, de cinco a seis anos, com crianças ao colo e, às vezes, sem roupa. Aquilo também nos toca. A Polícia tem feito essa parceria, no âmbito do policiamento de proximidade. Ajuda a Acção Social e o INAC, para, então, contrapormos este fenómeno. Por serem menores, a Polícia não pode levá-los a uma esquadra, para não ficarem traumatizados.

A impressão que se tem é de que não existe preocupação da Polícia, probabilidade que pode estar reflectida no facto de, mesmo junto a esquadras, haver crianças que praticam a mendicidade. Que comentários pode fazer?
Importa referir que o Comando está adjacente ao bairro Bita Progresso. Deparamo-nos, sim, com menores, mas não mendigos. São menores que engraxam sapatos. Menores que, a nosso ver, não constituem perigo. São engraxadores, mas, ainda assim, estudam. Nós estamos a fazer um acompanhamento desses meninos. Até às 10h00 ou até às 11h00, já não se vê menores no perímetro do Comando. São menores que, no período da tarde, vão à escola. São mesmo alunos. Disso temos a certeza, porque fazemos acompanhamento. Estão localizados e controlados por nós.

Tem havido algum trabalho de inteligência policial com a finalidade de descobrir, por exemplo, se meninas que ficam a mendigar na cidade do Kilamba têm sido alvo do apetite sexual de presumíveis pedófilos?
Do trabalho de inteligência policial que temos feito, não recebemos, ainda, uma reclamação relacionada com a pedofilia. O que estamos a fazer é trabalhar com automobilistas que conduzem na cidade do Kilamba. As crianças que mendigam em pontos de semáforos sabem que, ficando ali, têm maior probabilidade de conseguir algum dinheiro, porque podem parar alguns automobilistas que, por pena, possam dar alguma coisa. Eles não dão porque querem aliciar a menor. Dão esmolas por bondade. Muitos automobilistas passam com tigelas de comida e dão a menores que avistam em pontos onde há semáforos. Temos feito um trabalho aturado, para determinarmos se existem, ou não, casos de pedofilia no município de Belas.

Apesar do esforço que tem sido feito pela Polícia, para inibir a criminalidade, a população nunca está satisfeita, algo que se pode apurar em conversas com moradores da cidade do Kilamba. Quais são, de uma forma geral, as críticas e reclamações que chegam ao seu conhecimento sobre o trabalho policial e qual é o grau de atendimento?
Os munícipes reclamam que devem ver polícias nos seus edifícios. Isso não é possível. Em nenhuma parte do mundo existe polícia para um edifício. A cidade do Kilamba tem, aproximadamente, dois mil edifícios e não temos polícias para pormos em cada edifício. Por isso, aconselhamos os nossos munícipes a instalarem câmaras de vídeo-vigilância, para serem monitorizadas pelos zeladores dos edifícios. Havendo câmaras de vídeo-vigilância, a segurança de cada edifício fica ainda mais reforçada, para cujo propósito contribuem, também, a pró-actividade da Polícia e as denúncias, que, repito, devem ser feitas de forma oportuna.

A qualidade de vida dos cidadãos é medida também por um aspecto que só pode ser assegurado pela Polícia, que é a garantia do sentimento de segurança. Que resposta pode dar, com pendor pedagógico, aos moradores que dizem ter a criminalidade tomado conta da cidade do Kilamba e que a polícia não tem sido capaz de a reduzir ou controlar?
Como já disse, a situação está calma e controlada. Mas, nunca é demais apelar aos munícipes para terem cultura de denúncia e não recorrerem apenas às redes sociais. Devem recorrer ao nosso piquete, para termos os registos das ocorrências criminais. Não podem só fazer ruídos, dizendo, sem nenhuma base de apoio, que a criminalidade na cidade do Kilamba é alta e não avisarem nos canais apropriados sobre o que podem vir a tomar conhecimento. Toda a ocorrência criminal deve ser formalizada num piquete. Enquanto não chegar ao nosso conhecimento, através do piquete, para nós, são cifras que não constam da estatística.

Quais são os crimes registados, frequentemente, pela Polícia no Distrito Urbano do Kilamba, e, em particular, na cidade do Kilamba?
Os crimes mais registados pela Polícia, no Distrito Urbano do Kilamba, são de natureza diversa. São crimes de ofensa à integridade física, roubo de motorizadas e, na cidade do Kilamba, furtos no interior de residências e roubos por esticão nos parques de estacionamento e debaixo de edifícios. Roubos por esticão são crimes praticados na via pública e debaixo de edifícios. As vítimas são surpreendidas por malfeitores, que lhes subtraem pertences, como telemóveis, relógios, mascotes e fios. Temos estado a contrapor os crimes desta natureza. Temos recebido reforço da Unidade Operativa, que, diariamente, envia, para aqui, 10 motorizadas, que percorrem a cidade do Kilamba.

Há uma base de dados de pessoas que já foram detidas pela Polícia, para facilitar o combate e o controlo da criminalidade, no âmbito do trabalho de inteligência policial?
Há, sim, uma base de dados que controla as informações de pessoas que já foram detidas. Por exemplo, se você quiser tratar um [certificado de] registo criminal e já cometeu um crime, aquilo vem na base de dados. Então, nós controlamos todos os detidos através da base de dados. Por isso é que chamamos de potenciais delituosos aqueles que já passaram por nós.

A taxa de reincidência criminal é alta?
A taxa de reincidência criminal na cidade do Kilamba é baixa. Os potenciais delituosos da cidade do Kilamba chegam a ser os mesmos, principalmente os que praticam roubos e furtos no interior de apartamentos. Eles conhecem-se. Basta vermos um vídeo a circular nas redes sociais para irmos à procura de um deles, a fim de mostrarmos o vídeo, para nos indicar o paradeiro do suposto meliante. Conseguimos sempre esclarecer as ocorrências.

O que nos pode revelar sobre o consumo e tráfico de droga e a sua relação com a criminalidade registada no Distrito Urbano do Kilamba?
Já fizemos detenções, em flagrante, de adolescentes por consumo de liamba. Quando isso acontece, fazemos, com o apoio dos pais e encarregados de educação, um controlo desses adolescentes. Podemos considerar que o consumo de estupefacientes por adolescentes reduziu consideravelmente, porque, além de serem controlados por nós, são controlados pelos progenitores e encarregados de educação.

Como avalia a cobertura policial que é feita em todo o município de Belas?
O município de Belas está calmo e controlado. Estávamos preocupados com a Zona Verde III e com a cidade do Kilamba. A Zona Verde III está calma, temos colocado, por dia, três viaturas de patrulhamento, assim como motorizadas, para contrapormos a criminalidade naquela parte do Distrito Urbano de Cabolombo. O índice de criminalidade na Zona Verde III era preocupante. Registávamos homicídios. A Polícia está a combater os crimes violentos dentro da Zona Verde III. Há já cerca de dois meses que, na Zona Verde III, não há registo de algum crime violento.

Quais são os bairros do município de Belas que têm merecido maior atenção da Polícia Nacional, por serem, digamos assim, os mais problemáticos, em matéria de segurança pública?
Os bairros que têm merecido a nossa maior atenção no município de Belas são o Bairro Mundial, por ter muita população, a Zona Verde II e III e a cidade do Kilamba. Podemos dizer que, de há algum tempo a esta parte, esses bairros estão calmos e controlados.

Há bairros do município de Belas sem esquadras policiais?
Todos os bairros possuem esquadras policiais. Estamos agora a trabalhar num programa de redimensionamento, para instalarmos mais uma ou duas esquadras naqueles distritos do município de Belas com grande densidade populacional.

Uma alta patente da Polícia de Segurança Pública (PSP) portuguesa chegou a afirmar o seguinte: “O que dá segurança não é a esquadra, mas, sim, os agentes na rua”. Concorda com esta posição?
Sim, concordo. Só pôr polícias na rua já repõe o sentimento de segurança. Mas, ainda assim, o que dá segurança é o próprio munícipe, porque a Polícia deve trabalhar em parceria com a sociedade civil. Quem são os meliantes? São os nossos filhos, amigos e pessoas próximas. Logo, a segurança depende de todos nós e não exclusivamente da Polícia.

O município de Belas está bem servido de esquadras móveis?
No município de Belas, já não se fala de esquadras móveis, mas, sim, de destacamentos. Destacamentos são postos avançados dependentes das esquadras. Portanto, os destacamentos são instalados próximos daquelas comunidades que estão distantes de áreas onde há esquadras.

Pode fornecer-nos o balanço da criminalidade registada no Distrito Urbano do Kilamba, assim como em todo o município de Belas, no primeiro trimestre deste ano e no período homólogo de 2023?
O balanço deste ano é positivo, porque os crimes reduziram consideravelmente. Por exemplo, os crimes de abuso sexual e de violação sexual reduziram consideravelmente, uma realidade que é, também, resultante do policiamento de proximidade. Estamos a fazer uma campanha nas escolas e encontros com as comunidades. Nas escolas, as crianças são orientadas sobre como evitar o abuso sexual, crime que é praticado muitas vezes dentro da própria casa ou por pessoas próximas. As crianças são orientadas, também, a evitar o contacto com estranhos na via pública ou num outro lugar qualquer. Os nossos conselhos estão a ser acatados e, graças a Deus, temos registado uma redução do número de crimes desta natureza.

Como acabar com as cifras negras?
Estamos a trabalhar com os munícipes para incutirmos, nas suas mentes, a cultura de denúncia, porque ainda nos deparamos com cifras negras. Cifras negras são aqueles casos que não chegam ao conhecimento da Polícia, mas, sim, às redes sociais. Então, estamos a trabalhar com os nossos munícipes, para recorrerem ao piquete da Polícia e abrirem participação quando se depararem com algum caso de interesse policial.

Nunca chegou à Polícia uma denúncia de tráfico de drogas dentro da cidade do Kilamba?
Ao piquete nunca chegou. Mas, nas redes sociais, já se falou sobre algo do género. Nem tudo que aparece nas redes sociais serve como base para actuarmos. Para actuarmos, também é preciso que alguém nos venha dar conta de algum caso, mas com um grau de certeza. Esta pessoa abre uma participação ou faz uma denúncia anónima e, subsequentemente, abrimos um processo investigativo. Até agora, só trabalhámos em casos relacionados com menores e adultos que consomem liamba. Conseguimos chegar até aos vendedores através de consumidores de liamba. No entanto, nós queremos fazer [também] detenções relacionadas com drogas pesadas. Mas esses casos, se existem, nunca chegaram ao nosso conhecimento. Ou seja, ainda não recebemos nenhum tipo de denúncia.

A Polícia tem feito algum trabalho pedagógico, em parceria com a Administração do Distrito Urbano do Kilamba, junto das famílias de menores que vivem no KK5000, para travar a onda de rixas entre grupos?
Estamos a fazer um trabalho aturado, em parceria com a Administração do Distrito Urbano do Kilamba, para a catalogação dos adolescentes e jovens na rua e de rua. Alguns, no período diurno, fingem-se de “catadores” de lixo, e, no período nocturno, são meliantes. Também no âmbito do policiamento de proximidade, estamos a resolver o problema de menores que entram em rixas. Através da intervenção das comissões de moradores, temos conseguido chegar aos seus encarregados de educação.

Moradores da cidade do Kilamba dizem, com convicção, que, se a Polícia controlar, efectivamente, os bairros circunvizinhos, os assaltos na centralidade podem ter os dias contados. Faz algum sentido esta convicção?
Sabemos que muitos dos marginais que tiram a tranquilidade aos moradores da cidade do Kilamba são dos bairros circunvizinhos. A Polícia tem contado com a colaboração das comissões de moradores dos bairros adjacentes à Cidade do Kilamba, para a detenção de presumíveis autores de crimes. As comissões de moradores sabem bem quem é quem, dentro dos bairros. Logo, através delas, conseguimos, muitas vezes, localizar os malfeitores que vivem nos bairros periféricos. Muitas das vezes, antecipamo-nos aos marginais, com a deslocação de agentes aos bairros periféricos para o controlo dos movimentos dos potenciais delituosos que praticam crimes na cidade do Kilamba. Actualmente, podemos dizer que os potenciais delituosos estão controlados pela Polícia. Os bairros adjacentes à cidade do Kilamba são Camama II, Bita Progresso, Cabolombo, Cinco Fios e Vila Flor.

Por: Manuela Mateus, in Jornal de Angola

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