Motivo da morte do comandante Monteiro
Motivo da morte do comandante Monteiro
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Circulam em backstage informações, segundo as quais, que a morte por um Acidente Vascular Cerebral (AVC) do comandante da Polícia Nacional (PN) e delegado provincial do Uíge do Ministério do Interior, comissário Monteiro Francisco Matias dos Santos, na manhã do dia 14 do corrente mês, terá sido causada pela forma desurbana que lhe foi passado a mensagem sobre a sua exoneração.

Fontes fidedignas próximas do malogrado revelaram ao Imparcial Press que o comissário Matias Monteiro fora informado – no decorrer da semana em que perdeu a vida – por um oficial do Ministério do Interior, próximo do titular da pasta, que o seu nome constava na lista dos cinco comandantes provinciais que brevemente cessarão as suas funções, remetida à Presidência da República.

Depois de recepcionar, de forma grosseira, a informação sobre a sua exoneração, o malogrado terá contactado o comandante geral da PN, comissário geral Arnaldo Manuel Carlos, para contestar, pedindo a sua intervenção junto ministro do Interior para não ser exonerado do cargo já já, uma vez que precisava de tempo para resolver algumas questões pessoais.

Para o seu azar, o comissário geral se posicionou ao lado do ministro do Interior, Eugénio César Laborinho, ou melhor, apoiou a decisão da sua possível exoneração, que culminaria com a sua passagem à reforma devido a idade avançada (contava com os seus 63 anos).

Inconformado, o comissário Monteiro – sem comunicar a sua família – orientou o seu homem do campo, cujo nome omitimos propositadamente, para começar a arrumar as suas “bicuatas” uma vez que a sua exoneração estava preste a ser divulgada nos órgãos de comunicação social.

Foi assim que, no infausto dia, o malogrado dispensou a sua escolta e decidiu efectuar, sozinho, uma ronda à paisana, tendo começado por inspeccionar a via de acesso ao bairro Cacole e despedir-se de pessoas que lhe era próxima.

De regresso à viatura, enquanto chuviscava, entrou no carro, mas com uma das pernas no exterior, tendo permanecido naquela posição por muito tempo, o que despertou a curiosidade dos lavadores de carros, que deram a conhecer a ocorrência ao Serviço de Investigação Criminal (SIC).

Conforme as informações, o comissário Monteiro foi encontrado sem vida na via pública, com a mão direita segurando no seu telemóvel, defronte à Piscina Parque, no Bairro Popular nº 1, a cerca de 300 metros da sua residência oficial.

Actualmente, os restos mortais do delegado do Ministério do Interior e comandante provincial da Polícia Nacional no Uíge repousam, desde sábado último, no Cemitério de Sant’Ana, em Luanda.

De salientar que, recentemente, o ex-comandante geral da PN, Paulo de Almeida, lamentou, de igual modo, numa entrevista concedida ao Novo Jornal, a forma desurbana como lhe foi comunicado a sua exoneração em Janeiro do ano transacto.

O Imparcial Press retoma uma parte da entrevista, onde o comissário chefe aborda sobre a questão.

(…)

Com essas situações todas até ao processo da sua saída que foi um caso com algumas zonas cinzentas, muito associadas aos acontecimentos do dia 10 de Janeiro no Benfica.

Podem dizer o que quiserem dizer, não saí por falta de competência, por indisciplina, por falta de empenho, não. Saí porque alguém não quis que eu continuasse a ficar à frente da Polícia.

E sabe quem é este alguém?
Eu disse que tem nome e tem rosto. As pessoas sabem. E, por isso, eu fico sentido, porque não fui recrutado para entrar neste processo político e revolucionário do País, entrei voluntariamente, há 47 anos, e dei o meu sacrifício, andei por todo este País, muitas vezes com o sentimento de não mais voltar para casa. A nós dói-nos quando terminamos efectivamente da forma como terminamos. Eu não estou aqui a reivindicar o cessar de funções ou a reforma. Não, não estou. Todos nós que começamos temos que terminar, todos nós que temos um início, temos um fim, mas esse fim, nos nossos casos, deve ser um fim glorioso, um fim estimulado.

Sentiu que foi humilhado, que foi destratado?
Fui destratado! Fui destratado! E por isso é que até hoje o som do telefonema que me foi feito e as palavras que ouvi estão reservadas no meu ser, que foram ditas da seguinte maneira: “Estou a comunicar-lhe que Sua Excelência Presidente da República mandou dizer que a partir de hoje você cessou as suas funções. Ponto final.” Eu estava fardado, de farda de gala, numa reunião de Estado.

Fora do país?
Fora do país (em Brazaville, República do Congo). E fiquei sem saber se devia entrar mais para a reunião ou sair, não sabia o que fazer naquele momento.

Ficou desorientado?
Fiquei. Não sabia se devia falar com o colega ou não sobre o que tinha acabado de ouvir. E o que me dói é que havia muito tempo para me transmitirem esta informação. Ou não me deixavam ir para o Congo Brazzaville, ou quando voltasse podiam ter-me dito que havia esta situação assim, assim.

É engraçado, o comandante viaja para o Congo Brazzaville numa sexta-feira, mas terá sido nesta mesma sexta-feira que ainda esteve na Televisão Pública de Angola (TPA) com o Ministro Laborinho e o então responsável do SIC, que é hoje o comandante-geral da Polícia Nacional (Arnaldo Carlos). Estiveram os três, naquela sexta-feira, na TPA…
E é verdade isso. Eu voltei, mas não entrei mais no meu gabinete.

Mas, na altura que foi à TPA, já havia sido entregue a sua proposta de exoneração?
O que eu ouvi nos segredos é que a proposta foi elaborada um dia antes.

Na quinta-feira?
Exactamente. Na quinta-feira.

Quer dizer que o ministro Laborinho e o seu sucessor já sabiam de tudo? Terão feito aí uma espécie de encenação consigo?
Já sabiam. Eu volto (do Congo Brazzaville), mas não entro no meu gabinete. Eu volto, cheguei às 14 horas, à tarde tomou posse o meu sucessor e não entrei mais.

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