Não é a primeira nem a segunda, e muito menos a terceira vez. A TAAG Linhas Aéreas de Angola deixou ontem, sexta-feira, 14, na província de Cabinda, mais de 80 passageiros desabrigados, forçando-os a passar a noite ao relento no Aeroporto Maria Mambo Café, devido ao cancelamento do voo por alegada avaria técnica.
O Imparcial Press apurou que os passageiros tinham viagem marcada para o período nocturno de sexta-feira, mas foram retirados da aeronave por orientação da tripulação, que supostamente identificou uma rachadura no vidro frontal do avião.
Como consequência dessa irregularidade, a maioria dos viajantes passou a noite ao relento e sem alimentação, conforme informado pela Associação de Defesa do Consumidor (ADECOR), que realizou, neste sábado, uma conferência de imprensa para manifestar o seu descontentamento com o tratamento dispensado aos clientes da TAAG.
Na ocasião, o coordenador executivo da ADECOR, Gilberto dos Santos, acusou a TAAG de não assumir as suas responsabilidades, nomeadamente prestar informações aos passageiros, bem como providenciar alojamento e alimentação adequados, como defende a Lei de Defesa do Consumidor (Lei n.º 15/03, de 22 de Julho).
Diante dessa conduta, afirmou que a instituição defende a indemnização aos passageiros, visando reparar os transtornos causados.
Gilberto dos Santos acrescentou que a ADECOR fará uma reclamação formal junto à TAAG, com conhecimento da Autoridade Nacional de Aviação Civil, entidade reguladora da aviação no país, no sentido de restabelecer a verdade sobre a violação dos direitos fundamentais dos clientes.
Ele prometeu que, em caso de incumprimento das exigências apresentadas, a instituição recorrerá aos órgãos de justiça para garantir a defesa dos consumidores.
O passageiro André Mingas lembrou que o cancelamento de voos domésticos da TAAG, na rota Cabinda/Luanda e vice-versa, tem sido uma prática recorrente, causando muitos transtornos aos clientes, que ficam sem alojamento, alimentação e direito à informação.
Por sua vez, Manuel dos Santos, outro passageiro, apelou à TAAG para melhorar a sua comunicação, a fim de evitar tumultos entre os passageiros e funcionários.
O cidadão brasileiro Edmundo Neto, que tinha viagem marcada para o seu país, afirmou que “a TAAG descumpriu a regulamentação internacional, que obriga a empresa a prestar toda a assistência ao passageiro em casos de cancelamento de voo.”
Sobre o ocorrido, os órgãos de comunicação presentes na conferência de imprensa da ADECOR tentaram contactar a direcção da TAAG em Cabinda para obter mais esclarecimentos, mas não obtiveram sucesso.