Tráfico de drogas (alimentado pelos efectivos prisionais) na cadeia de Caboxa termina em morte de recluso por espancamento
Tráfico de drogas (alimentado pelos efectivos prisionais) na cadeia de Caboxa termina em morte de recluso por espancamento
Bengo

Um cidadão nacional que em vida respondia pelo nome de Manuel Pereira, mais conhecido por Zagala, morreu no passado mês de Junho, no estabelecimento penitenciário da Damba, em Malanje, poucos dias após ter sido torturado e espancado – sem piedade – pelos efectivos dos serviços prisionais do estabelecimento penitenciário do Caboxa, localizado em Caxito, província do Bengo.

A vítima fazia de grupo de dez reclusos – nomeadamente: Mabi, Badi Cazé, Bebo Strong, Zily, Limão, Delson, Tchutchu, Bix, Quim e Zagala – que foram espancados supostamente a mando de chefe de segurança prisional, intendente Fernando António Correia (Kaká), pelo facto de promoverem à venda de vários tipos de drogas (libanga, liamba, diazepam) e bebidas alcoólicas (whiskys em pacotes) dentro da cadeia de Caboxa.

“Estes reclusos faziam negócios com efectivos da mesma unidade que lhes forneciam liamba, diazepam e outras substâncias tóxicas e eles comercializavam no interior penal”, revelou uma fonte ao Imparcial Press, acrescentando que “alguns reclusos foram apanhados com os seus telefones onde tinham gravado o nome de vários efectivos e as mensagens que trocavam para facilitar a entrada dos meios proibidos”.

Segundo apurou o Imparcial Press, após a brutal agressão, os dez reclusos (com os seus ferimentos graves) foram transferidos, dias depois, para o estabelecimento prisional da Damba, em Malanje, sem receberem qualquer assistência médica medicamentosa. Pouco menos de uma semana depois, Zagala – que apanhou o dobro da surra que os demais – morreu feito um cão vadio sem dono.

Zagala, o bufo de Kaká

Manuel Pereira “Zagala” se encontrava na cadeia do Caboxa, no Bengo, a cumprir, após a ser condenado pelo tribunal provincial de Luanda, uma pena efectiva de 18 anos de prisão por crime de roubo qualificado. Mais tarde a sua pena de prisão foi reduzida a 12 anos após um recurso interposto pelos seus advogados junto ao Tribunal Supremo.

Para sobreviver da vida dura de prisão, Zagala teve de conquistar a confiança dos efectivos dos serviços prisionais e passou a ser o informante, ou seja, o “bufo”, dos seus protectores e respondia directamente ao chefe de segurança prisional, intendente Fernando António Correia (Kaká), numa altura em que crescia a venda de substâncias proibidas dentro da cadeia do Caboxa.

A rede de tráfico de drogas e bebidas alcoólicas naquele estabelecimento prisional era (ainda continua a ser) alimentado pelos efectivos dos serviços prisionais, conforme a fonte do Imparcial Press.

Os mesmos [os efectivos prisionais] facilitam a entrada de drogas, telemóveis e outras substâncias proibidas no interior de celas. E a direcção pretendia localizar os cabecilhas e responsabilizá-los conforme a lei.

Zagala, em troca de alguma recompensa não especificada, passou a ser os olhos do intendente prisional Kaká e a relatar tudo que se passava sobre os negócios obscuros. Porém, com o passar do tempo, o chefe de segurança nunca honrou o compromisso com o seu falecido informante [Zagala].

Uma vez que o mesmo já era hostilizado pelos colegas de cela, de quem desconfiavam de traição pela proximidade com Kaká, desesperado, Manuel Pereira (Zagala) foi forçado a migrar para o lado de mais um crime.

O “bufo” passou a pertencer ao grupo de traficantes nas celas com envolvimento de supostos agentes prisionais. Razão que, explica a fonte do Imparcial Press, a direcção da cadeia do Caboxa sentiu-se traída e descarregou a raiva mortal contra o “bufo” Zagala.

“Quando o chefe Kaká vinha buscar o rapaz Zagala da cela, logo depois havia revista em toda cadeia. Como acontecia com muita frequência, os outros reclusos começaram a se levantar contra o Zagala com ameaças de morte e outras coisas”, contou, frisando que, foi assim que Zagala preferiu ficar do lado do tráfico com outros chefes que forneciam as drogas, telefone, bebidas para ser comercializado no interior penal.

“Por este motivo, a direcção da cadeia ficou muito enfurecida com o Zagala e a porrada no rapaz foi a dobrar. Depois da tortura, Zagala e outros nove presos foram evacuados para a cadeia da Damba, província de Malanje, sem assistência médica. Dias depois os outros reclusos ao despertar notaram que Zagala saia sangue nas narinas e nos ouvidos já sem vida’’, rematou a fonte do Imparcial Press.

A omissão do crime

Após a morte de Zagala, o director do estabelecimento prisional da Damba, Pedro Bernardo Sampaio, contactou o seu homólogo do Caboxa, comissário prisional Manuel Maria Tavares Culeca, director provincial do Serviço Penitenciário do Bengo, a informar sobre o sucedido, no sentido de encontrar uma solução.

Para abafar o caso e proteger a imagem do chefe de segurança prisional, intendente Fernando António Correia (Kaká), Manuel Maria Tavares Culeca ordenou que os restos mortais de Zagala fossem enterrados num dos cemitérios daquela província [Malanje].

Curiosamente, a família do malogrado só ficou a saber da morte do seu ente querido a 23 de Junho.

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