O Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA diz ter sido surpreendido com as notícias divulgadas pelos órgãos de comunicação social públicos e privados (incluindo no Imparcial Press) referentes a deslocação de uma delegação da Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), chefiada pelo responsável máximo do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE), general Fernando Garcia Miala, ao município de Rivungo, província do Cuando Cubango, com o objectivo de localizar os restos mortais de dirigentes e militantes deste principal partido na oposição.
O Imparcial Press noticiou hoje que uma delegação da CIVICOP se encontra no antigo quartel-general da UNITA, na Jamba, à procura de ossadas dos membros da família Chingunji e Fernando Wilson dos Santos, bem como das 80 mulheres (algumas com os seus filhos) que terão sido queimadas vivas alegadamente por Jonas Savimbi.
O médico-legista Aurélio Rodrigues – que também faz parte da expedição, onde integra também o porta-voz, Israel Nambi, e outro médico-legista – afirmou que a CIVICOP foi formalmente contactada pelos familiares das vítimas no sentido de solicitar a intervenção do Estado angolano para localizar as ossadas.
Curiosamente, segundo as informações, a delegação chefiada pelo general Fernando Miala se encontra desde segunda-feira, 31 de Julho, e, estranhamente, mal chegou a Jamba, já conseguiu localizar duas valas comuns com restos mortais de membros da UNITA.
No comunicado de imprensa enviada à redacção do Imparcial Press, o Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA lamenta o facto da CIVICOP não ter reunido com os seus membros e que estes foram surpreendidos pelas notícias passadas pelos órgãos de comunicação social públicos e privados, sobre a operação dirigida pelo chefe do SINSE.
Este órgão superior do partido dos “maninhos” entende que a equipa em operação no referido território incorre em violações técnicas, metodológicas, científicas e de falta de transparência “porque os sítios ficam viciados e sem as necessárias testemunhas no quadro da CIVICOP, que deveriam validar os resultados dessa operação”.
Razão pela qual, a UNITA insta à CIVICOP “a recuperar o objecto da sua criação, no âmbito da pacificação dos espíritos e de reconciliação e retomar a metodologia já aprovada, a fim de se credibilizar os resultados da sua criação”.
Por outra, a UNITA salienta que a operação que decorre na Jamba neste momento, “parece-se mais com uma actividade de propaganda política” e não a busca do apaziguamento de espíritos, conforme os princípios abraçados pela CIVICOP, cujo lema é: Abraçar e Perdoar.
“Mais uma vez se demonstra, por estas acções, o quanto as instituições angolanas estão mal servidas de intérpretes, que não se reconciliam consigo próprios e que se mostram incapazes de construírem um verdadeiro Estado Democrático e de Direito, com uma cultura de Diálogo e de Paz”, rematou o informe.