Universidade Lusíada de Angola: Herdeiros de Rui Mingas e sócio Paulo Múrias em litígio
Universidade Lusíada de Angola: Herdeiros de Rui Mingas e sócio Paulo Múrias em litígio
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Um conflito significativo emergiu na Universidade Lusíada de Angola, envolvendo os herdeiros de Rui Mingas e o sócio Paulo Múrias. Trocas de mensagens desgastantes, com cópias para diversas autoridades e interessados, revelam alegações de ilegalidades em obras, remodelações não autorizadas, ocupação unilateral de salas, propostas de cisão de activos e separação das faculdades da instituição.

Este cenário, repleto de acusações mútuas, reflecte uma situação inesperada para líderes de estabelecimentos de ensino superior, embora semelhante a crises já vivenciadas pela Universidade Independente de Angola e pela Universidade Metodista.

A disputa na Universidade Lusíada de Angola suscita questões críticas sobre o papel do Estado na prevenção de tais conflitos e na garantia da qualidade do ensino superior privado. Ademais, revela um equívoco comum: a crença de que a Universidade Lusíada de Angola está directamente associada à Universidade Lusíada de Portugal. Na realidade, essas instituições operam de forma independente, como esclarecido recentemente pela Lusíada de Lisboa.

Em dezembro de 2002, durante os primeiros anos da Universidade Lusíada de Angola, António Martins da Cruz, então dirigente da Universidade Lusíada de Portugal, elogiou a fundação da instituição angolana. Segundo ele, o embaixador Rui Mingas e o Paulo Múrias convenceram rapidamente os dirigentes portugueses a apoiar a criação da universidade em Angola, um projecto inicialmente colaborativo e promissor. No entanto, a realidade mostrou-se diferente.

A Universidade Lusíada de Angola foi fundada exclusivamente por Rui Mingas, um renomado cantor e diplomata angolano, e Paulo Múrias, ex-jogador de basquetebol e massagista do Presidente José Eduardo dos Santos.

Múrias, que se naturalizou angolano, acumulou considerável riqueza durante o seu tempo como massagista presidencial. O reitor da universidade, Mário Pinto de Andrade, mestre em Relações Internacionais e actual secretário do Bureau Político do MPLA para a Reforma do Estado, Administração Pública e Autarquias, reforça a conexão próxima com o MPLA.

A Universidade Lusíada de Lisboa distanciou-se da sua homónima angolana, afirmando que nunca teve participação social ou financeira na Universidade Lusíada de Angola. A sua contribuição limitou-se à consultoria e disponibilização de docentes e técnicos, além de autorizar o uso da marca sob condições específicas. Há mais de uma década, a Lusíada de Lisboa não mantém qualquer contacto com a instituição angolana, desconhecendo as suas actuais condições de funcionamento.

Este caso destaca um problema fundamental relacionado com o papel do Estado na supervisão e garantia da qualidade no sector do ensino superior privado em Angola. A presunção de que a qualidade técnica e científica da Universidade Lusíada de Angola era assegurada pela sua congénere de Lisboa mostrou-se infundada. A Lusíada de Lisboa teve um envolvimento limitado e não oferece garantias actuais.

A situação é agravada pela ausência de fiscalização efectiva por parte do Ministério do Ensino Superior de Angola. Não há confirmações sobre a qualidade do corpo docente ou a presença de professores doutorados em número adequado.

Além disso, a universidade enfrenta uma dívida milionária com o tesouro público angolano, não tendo cumprido com as suas obrigações fiscais. Esta crise levanta a suspeita de que a Universidade Lusíada tenha servido como meio de enriquecimento privado por uma elite do MPLA, sem responsabilidade social adequada.

A falta de relatórios públicos de inspecção, avaliações de qualidade ou qualquer outro instrumento que ofereça uma visão objectiva do ensino superior privado em Angola é preocupante.

Crises e disputas emergem esporadicamente, destacando a necessidade urgente de intervenção estatal para garantir a qualidade e a equidade no tratamento dos alunos.

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