Está visível o esforço do regime em forçar um terceiro mandato para o Presidente João Lourenço. Mesmo depois das experiências positivas e negativas recentes e actuais do Gabão, Senegal e Moçambique (Frelimo).
Se o MPLA e o próprio João Lourenço se animarem a dar viabilidade a esse projecto estarão a cometer o maior e, talvez, o seu último maior erro, para si próprios e para a desgraça derradeira do país. Aprovem um outro futuro candidato à PR.
De entre vários pré-candidatos escolham aquele que apresentar maior capacidade de olhar para a direcção dos faróis e menos para os retrovisores, a mostrarem espaços de vingança e caça às bruxas.
Até mesmo para o próprio João Lourenço, que fez o que fez a José Eduardo dos Santos e seus próximos, sacrificando mesmo o pouco de bom que havia ao serviço do emprego para a juventude e de um mínimo de condições de vida para a população, é necessário o espírito de Mandela.
Escolham um candidato que, ao mesmo tempo, não seja tão partidarista que prossiga o sonho de que, faça chuva ou faça sol, o MPLA tem que continuar no poder por mais 50 anos, porque senão os “kwachas vão nos matar” e ou “tirar-nos tudo”.
Até pode haver quem na UNITA esteja a afiar facas neste sentido, mas, acreditem que não é relevante, numa organização que tanto demonstra ter aprendido com o passado.
Nem Lucamba Gato, nem Samakuva tiveram, nem hoje Adalberto tem algo para me pagarem para que venha aqui “bajulá-los” e fazer de seus advogados do diabo. Mas, lidando com eles, sinto que há muita maturidade nas direcções pós-guerra da UNITA, para podermos fazer pontes para a construção de um país para todos.
Não estou a falar de Jonas Savimbi, que como Agostinho Neto e Holden Roberto tem os méritos e deméritos do seu tempo. Nós, os vivos, temos uma missão para o dia de Hoje, em direcção ao Amanhã.
*Jurista e ex-Primeiro-Ministro de Angola
